[RESENHA] O Portador da Espada (#1), Cassandra Clare (Galera Record)

 Se tem uma autora que sempre mora no meu coração literário, é a Cassandra Clare. A saga Instrumentos Mortais foi uma febre na minha vida — personagens marcantes, tramas que me devoravam, e um universo mágico que parecia um lar. Então quando O Portador da Espada foi anunciado como o início de uma nova série épica de fantasia, eu corri para comprar. 724 páginas de Cassandra? Pode mandar.

Mas... a leitura foi mais lenta do que o esperado. Não ruim, mas arrastada. Sabe quando você não consegue se apaixonar por ninguém, mesmo tentando? Levei 15 dias pra terminar o livro — e terminei mais com um suspiro de “ufa” do que de “UAU”.

Ainda assim, não perdi a esperança. Porque Cassandra já me fez me apaixonar antes, e quem sabe esse universo novo só precise de mais tempo pra florescer?






Título Original: Sword Catcher (The Chronicles of Castellane #1)
Título em Português: O Portador da Espada (O Portador da Espada #1)
Ano: 2023
Autor/Autora: Cassandra Clare
Tradutor/Tradutora: Karine Ribeiro 
Editora: Galera Record
Gêneros: Fantasia / Ficção / Literatura Estrangeira
Páginas: 724




⚔️ O Portador da Espada – Cassandra Clare

📖 The Sword Catcher #1
📚 Publicado no Brasil pela Galera Record
🗡️ Quando a autora que você ama volta com um novo universo... mas o coração ainda tá preso em outro.

A história gira em torno de Kel, um órfão criado nas ruas de Castellane, que é escolhido para se tornar o “Portador da Espada” — um dublê oficial do príncipe herdeiro. Ou seja: ele deve viver à sombra do poder, se vestir como o príncipe, aprender a se comportar como um nobre e, se necessário... morrer no lugar dele.

Paralelamente, conhecemos Lin, uma jovem médica brilhante que pertence a uma comunidade marginalizada, cheia de segredos, magia e conhecimento proibido. A história de Kel e Lin se entrelaça enquanto forças maiores começam a conspirar — incluindo facções políticas, famílias poderosas, segredos ancestrais e (claro) uma pitada de magia.

A premissa é excelente, e o mundo criado por Cassandra é complexo, cheio de camadas, culturas, jogos de poder. Mas o grande problema foi o ritmo: o livro demora a engatar. São muitos personagens, muitos nomes, muitas tramas paralelas, e pouca conexão emocional no início. Senti como se estivesse observando tudo à distância, em vez de viver junto com os personagens.

Kel
Ele deveria ser o coração da história — e talvez seja, mas de forma morna. Kel tem potencial: órfão humilde que vira sombra da realeza, um outsider tentando navegar entre dois mundos. Mas faltou... faísca. Aquele algo a mais que te faz torcer por ele com unhas e dentes. Ele é correto, corajoso, mas ainda não mostrou o que o torna único.

Lin
Ela é mais interessante. Inteligente, decidida, com um senso de propósito bem definido. Suas cenas me prenderam mais do que as do próprio Kel. Ainda assim, não senti que ela teve o tempo e o desenvolvimento que merecia. Lin tem muito potencial — e espero que no segundo volume, ela tenha mais espaço pra brilhar.

Demais personagens
Cassandra Clare sempre trabalhou bem com elencos amplos, e aqui não é diferente: temos conselheiros políticos, príncipes ambíguos, líderes religiosos, conspiradores e figuras misteriosas. Mas até agora, ninguém me conquistou como Jace, Clary, Magnus ou Alec. Nem perto. E isso pesa — porque quando você vem de uma saga com personagens tão marcantes, o vazio é inevitável quando o novo não te pega de jeito.

A escrita da Cassandra continua madura, visual, elegante. Dá pra sentir que ela quis dar um passo além aqui — construir um mundo mais denso, com tons mais políticos, mais adultos, menos YA e mais fantasia épica. E isso é louvável.

Mas talvez justamente por isso, a narrativa perde aquele ritmo ágil que marcou suas obras anteriores. Aqui, ela opta por um desenvolvimento mais devagar, mais cuidadoso — o que não seria um problema, se a conexão emocional estivesse lá. Mas sem personagens cativantes logo de cara, o leitor sente o peso das 700+ páginas.

Ainda assim, sua habilidade de criar tensão, construir intrigas e descrever cenários ricos continua intacta. A ambientação de Castellane é um dos pontos altos do livro — cheia de riqueza, desigualdade, arquitetura grandiosa e segredos sombrios.

O Portador da Espada trabalha com temas fortes:
Identidade e o preço de ser “ninguém” no lugar de alguém
Poder e privilégio, e como eles moldam quem vive e quem morre
Preconceito e exclusão, especialmente no núcleo da Lin e seu povo
– E, claro, o eterno conflito entre dever e desejo

É um livro que se propõe a discutir coisas grandes — mas que ainda não alcança totalmente o impacto emocional dessas discussões. Talvez por ser apenas o primeiro volume, e por ter muita introdução e pouco payoff. É como se estivéssemos ainda nos bastidores de uma peça que só vai começar de verdade no ato dois.

O Portador da Espada é um começo promissor, mas que ainda não encontrou o coração da história. A Cassandra Clare continua sendo uma autora talentosa, com uma escrita envolvente e um mundo rico, mas aqui, faltou conexão.

Nota pessoal: 4 estrelas
Não foi ruim — longe disso. Mas não me conquistou ainda. Nenhum personagem me arrebatou, e levei 15 dias pra ler um livro que, com outros protagonistas, talvez eu tivesse devorado em uma semana.

Dito isso: ainda tenho fé. Cassandra sabe como trabalhar crescimento de personagem, reviravoltas e tensão romântica como ninguém. Então estou torcendo (com força!) pra que o segundo volume me envolva mais e me faça grudar nessas páginas como nos velhos tempos de Idris.


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