Se tem uma autora que sempre mora no meu coração literário, é a Cassandra Clare. A saga Instrumentos Mortais foi uma febre na minha vida — personagens marcantes, tramas que me devoravam, e um universo mágico que parecia um lar. Então quando O Portador da Espada foi anunciado como o início de uma nova série épica de fantasia, eu corri para comprar. 724 páginas de Cassandra? Pode mandar.
Mas... a leitura foi mais lenta do que o esperado. Não ruim, mas arrastada. Sabe quando você não consegue se apaixonar por ninguém, mesmo tentando? Levei 15 dias pra terminar o livro — e terminei mais com um suspiro de “ufa” do que de “UAU”.
Ainda assim, não perdi a esperança. Porque Cassandra já me fez me apaixonar antes, e quem sabe esse universo novo só precise de mais tempo pra florescer?
Título em Português: O Portador da Espada (O Portador da Espada #1)
⚔️ O Portador da Espada – Cassandra Clare
A história gira em torno de Kel, um órfão criado nas ruas de Castellane, que é escolhido para se tornar o “Portador da Espada” — um dublê oficial do príncipe herdeiro. Ou seja: ele deve viver à sombra do poder, se vestir como o príncipe, aprender a se comportar como um nobre e, se necessário... morrer no lugar dele.
Paralelamente, conhecemos Lin, uma jovem médica brilhante que pertence a uma comunidade marginalizada, cheia de segredos, magia e conhecimento proibido. A história de Kel e Lin se entrelaça enquanto forças maiores começam a conspirar — incluindo facções políticas, famílias poderosas, segredos ancestrais e (claro) uma pitada de magia.
A premissa é excelente, e o mundo criado por Cassandra é complexo, cheio de camadas, culturas, jogos de poder. Mas o grande problema foi o ritmo: o livro demora a engatar. São muitos personagens, muitos nomes, muitas tramas paralelas, e pouca conexão emocional no início. Senti como se estivesse observando tudo à distância, em vez de viver junto com os personagens.
A escrita da Cassandra continua madura, visual, elegante. Dá pra sentir que ela quis dar um passo além aqui — construir um mundo mais denso, com tons mais políticos, mais adultos, menos YA e mais fantasia épica. E isso é louvável.
Mas talvez justamente por isso, a narrativa perde aquele ritmo ágil que marcou suas obras anteriores. Aqui, ela opta por um desenvolvimento mais devagar, mais cuidadoso — o que não seria um problema, se a conexão emocional estivesse lá. Mas sem personagens cativantes logo de cara, o leitor sente o peso das 700+ páginas.
Ainda assim, sua habilidade de criar tensão, construir intrigas e descrever cenários ricos continua intacta. A ambientação de Castellane é um dos pontos altos do livro — cheia de riqueza, desigualdade, arquitetura grandiosa e segredos sombrios.
É um livro que se propõe a discutir coisas grandes — mas que ainda não alcança totalmente o impacto emocional dessas discussões. Talvez por ser apenas o primeiro volume, e por ter muita introdução e pouco payoff. É como se estivéssemos ainda nos bastidores de uma peça que só vai começar de verdade no ato dois.
O Portador da Espada é um começo promissor, mas que ainda não encontrou o coração da história. A Cassandra Clare continua sendo uma autora talentosa, com uma escrita envolvente e um mundo rico, mas aqui, faltou conexão.
Dito isso: ainda tenho fé. Cassandra sabe como trabalhar crescimento de personagem, reviravoltas e tensão romântica como ninguém. Então estou torcendo (com força!) pra que o segundo volume me envolva mais e me faça grudar nessas páginas como nos velhos tempos de Idris.
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