Earth and Ashes (publicado originalmente como Khakestar-o-Khak), escrito por Atiq Rahimi, é um pequeno grande livro. Com menos de 100 páginas, ele te leva direto para o coração do Afeganistão durante a invasão soviética e, com poucas palavras, entrega uma carga emocional imensa.
Não é um livro que grita. Ele sussurra. E esse sussurro fala de luto, perda, silêncio e guerra. Não cheguei a chorar, mas foi impossível terminar sem um nó na garganta. É uma dor sutil, mas persistente.
Título Original: Earth and Ashes
📚 Resenha em Português — Earth and Ashes, de Atiq Rahimi
⭐ 5 estrelas
A história acompanha Dastaguir, um senhor de idade, e seu neto Yassin, enquanto esperam por carona numa estrada empoeirada. Eles estão a caminho de uma mina, onde vive o filho de Dastaguir — pai de Yassin. E é lá que ele terá que entregar a pior notícia de todas: a vila onde moravam foi destruída e a família, morta.
Yassin, que perdeu a audição no ataque, não entende bem o que está acontecendo. Sua inocência contrasta brutalmente com o peso do que Dastaguir carrega. Esse contraste entre silêncio físico e emocional é o que torna a narrativa tão poderosa.
Dastaguir é um protagonista de partir o coração. Ele é silencioso, reflexivo, mas você sente sua dor em cada linha. Carrega não só a notícia da tragédia, mas a culpa, a impotência e a responsabilidade de continuar sendo o elo entre passado e futuro.
Yassin, por sua vez, representa a pureza. Mas sua surdez é mais do que literal — é um símbolo da desconexão, da incompreensão, da distância entre gerações marcadas por traumas diferentes.
Apesar da brevidade, os personagens são incrivelmente bem construídos. E a relação entre os dois é comovente — feita de gestos pequenos, de silêncios pesados, de tudo que não se diz.
A escrita de Rahimi é econômica, poética e precisa. Cada frase parece medida com cuidado. Não há excessos, mas também não falta nada. Ele consegue dizer muito com pouco — e isso é raro.
É um daqueles livros que você lê em uma tarde, mas que continua ecoando por dias. Não é leitura para entreter — é leitura para sentir. E talvez para se calar um pouco depois.
Ele mostra que nem toda dor precisa ser expressa aos gritos. Às vezes, a dor mais profunda é aquela que a gente não consegue nem nomear.
⭐ Nota: 5 estrelas
Não chorei, mas doeu. E ficou. E por isso, vale muito a pena ser lido.
Um livro para quem gosta de ficções literárias sutis, emocionais e absolutamente humanas.
0 Comments:
Postar um comentário