[RESENHA] Nossos Dias Infinitos, Clare Fuller (Morro Branco)


Título Original: Our Endless Numbered Days
Título em Português: Nossos Dias Infinitos
Ano: 2016
Autor/Autora: Clare Fuller 
Tradutor/Tradutora: Carolina Selvatici 
Editora: Morro Branco
Gêneros: Drama / Ficção / Literatura Estrangeira / Suspense e Mistério / Thriller
Páginas: 336
Papel: Pólen soft 70g/m²
Sinopse oficial: Vencedor do prestigioso Desmond Elliot Prize 2015
Todos os pais mentem. Mas algumas mentiras são maiores do que as outras.
"Datas só nos fazem perceber quão finitos nossos dias são, quão mais perto da morte ficamos a cada dia que passa. De agora em diante, Punzel, vamos viver seguindo o sol e as estações”. Ele me pegou no colo e me girou, rindo. “Nossos dias serão infinitos”. Com aquela última marca, o tempo parou para nós em 20 de agosto de 1976". Peggy tinha oito anos quando seu pai a levou para viver em uma remota cabana no meio de uma floresta europeia. Lá ele lhe disse que sua mãe e todas as outras pessoas do mundo morreram. Agora eles precisam viver da terra e sobreviver ao rigoroso inverno. Mas até quando a pequena Peggy vai acreditar na história de seu pai? Até quando você pode ficar são, quando o mundo está perdido? O que acontece quando você para de crer em tudo?

O que motivou a leitura?
Eu particularmente curto os livros publicados pela Morro Branco, tenho quase todos. No caso de Nossos Dias Infinitos, além da editora, a sinopse e a capa ajudaram bastante na escolha (apesar de eu ter sido enganada completamente pela capa) =)

[RESENHA] - por Ariane
Pensei bastante se deveria resenhar este livro, pois para mim o final foi meio (muito MESMO) traumatizante. Levei dois dias para me recuperar do choque e dez dias para conseguir pegar outro livro. Porém, contudo, todavia, livros bons merecem ser divulgados, então, lá vai!

Nossos Dias Infinitos é narrado em primeira pessoa pela adorável protagonista Peggy ou Punzel - diminutivo de Rapunzel -, como gosta de ser chamada.  Peggy é filha de uma famosa pianista, Ute, e de um rapaz comum, chamado James, que faz parte de um grupo de sobrevivencialista (ou preparadores); isso é, um grupo que "está ativamente preparando-se para emergências, até em caso de possíveis rupturas na ordem política e social local, regional, nacional ou internacional", o que inclui "catástrofes naturais, catástrofes provocadas pela humanidade, ruptura na ordem social e política, colapso geral da sociedade, colapso da economia e emergências sanitárias" (obrigada, Wikipedia!!).

Por causa disso, o pai de Peggy está sempre se preparando para o fim do mundo e estocando alimentos, roupas e utensílios no porão que ele mesmo preparou para caso precise proteger a família. Como não podia ser diferente, James até mesmo começa a treinar Peggy para o fatídico momento. E é após ter uma discussão com Ute que ele decide que ambos devem fazer uma viagem. Só que é uma viagem só de ida! E fazendo a filha acreditar que aquela é uma viagem de férias, eles acabam andando por dias, até adentrarem uma densa floresta e a garota começa a se dar conta de que as coisas estão bastante estranhas.

Não pude dizer nada. Naquele momento, com apenas um sapato e o cabelo molhado, percebi, mais do que quando meu pai havia esmagado a cabeça do peixe, ou me dito que Ute morrera, que algo havia dado errado em nossas férias. Observei a cabana com a boca escancarada.

Quando eles chegam a uma cabana- que ela chama de die Hütte - decrépita no meio de uma densa floresta e cercada por colinas e montanhas em algum lugar no interior da Alemanha, sem qualquer sinal do paraíso que o pai prometera, Peggy insiste em voltar para casa e para a mãe. Então, em um ato de desespero, James diz para a filha que o mundo além das colinas acabou e que apenas os dois estão vivos e que ela jamais deveria cruzar ou mesmo se aproximar d'A Grande Divisa

E durante muitos anos vivem apenas os dois.

À medida que eu crescia e os anos se misturavam uns aos outros, um ritmo se estabeleceu em nossas vidas. Deixamos as estações e o clima ditar quando as roupas deveriam ser feitas ou remendadas, quando sementes deveriam ser plantadas, quando as bolotas deviam ser colhidas e quando comemorar aniversários e Natais.

Nove anos se passam até que Peggy, agora Punzel, reencontre a mãe e a melhor amiga e tenha novamente contato com outras pessoas.  

Cobri os ouvidos, morrendo de medo do animal em que meu pai havia se transformado nos poucos minutos em que eu tinha ficado cavando.

O que posso dizer...? Precisei fazer anotações para a resenha dessa vez, com receio de dar algum spoiler fenomenal sem querer. Até o capítulo 17 sofri feito uma condenada pra ler. Mais de uma vez, pensei em largar o livro, principalmente porque o ritmo era extremamente lento. Os capítulos intercalados entre passado e presente não ajudaram nesse aspecto, muito pelo contrário, deixaram meu cérebro bem confuso com a sequência e a  linearidade dos acontecimentos.

Quando entrei no capítulo 17, a coisa fluiu (mas foram 195 páginas me arrastando...)! E fluiu tão bem que terminei de ler em poucas horas. E foi então que percebi o quanto tinha acreditado inteiramente na história de Peggy, sem questionar, e que a visão dela, em mais da metade do livro, é a visão de uma criança. Suas memórias tem lacunas e muitas coisas ela descreve como entendeu e não necessariamente como foram.

Como disse lá no início, o final me chocou. Me chocou muito. Como acreditei 100% nas palavras e na versão de Peggy, acho que foi tudo mais chocante ainda... em nenhum momento duvidei ou questionei o que ela dizia e só no fim percebi o quanto fui enganada e as engrenagens cerebrais começaram a funcionar e juntar vários momentos da trama.

Levei dois dias para me recuperar...

Clare Fuller fez um trabalho impecável com Nossos Dias Infinitos e a equipe da Morro Branco caprichou em todos os aspectos da edição do livro. A capa tem absolutamente TUDO a ver com a história, mas ao mesmo tempo não deixa brecha para o leitor fazer suposições, o designer é preciso.


Personagem favorito do livro: Peggy
Cena marcante: A cena em que Peggy está em seu esconderijo com Reuben

Onde comprar?

Um comentário:

  1. Eu terminei esse livro com muitas perguntas na minha cabeça, ainda mais depois de saber o que James fez a Peggy...

    Nao tinha me atentado ao fato de que, se Reuben não existe, quem estava com Peggy no esconderijo dela? Sinceramente, estou muito confusa.

    E no final, onde ela entra na banheira? Ela se mata? Por favor, diga o que você pensa sobre esses tópicos que citei. Queria trocar informações sobre o livro

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