[RESENHA] Outro dia, David Levithan (Galera Record)


Título Original: Another day
Título em Português: Outro dia
Ano: 2016
Autor/Autora: David Levithan
Tradutor/Tradutora: Ana Resende
Editora: Galera Record
Gêneros: Literatura Estrangeira
Páginas: 322
Papel:

Sinopse oficial: Um dos mais inovadores autores de livros jovem adulto e o primeiro a emplacar uma trama gay na lista do New York Times, David Levithan retoma a sua mais emblemática trama em "Outro Dia". Aqui, a já celebrada — com várias resenhas elogiosas — história de "Todo Dia" é mostrada sob o ponto de vista de Rhiannon. A jovem, presa em um relacionamento abusivo, conhece A, por quem se apaixona. Só que A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Mas embarcar nessa paixão também traz desafios para Rhiannon. Todos eles mostrados aqui.

O que motivou a leitura?
Há algum tempo li Todo Dia (RESENHA) e me apaixonei por tudo, tudo mesmo do livro. Então fiquei bem curiosa para ler Outro dia e estou aguardando ansiosamente o Someday!

[RESENHA] - por Ariane
Outro dia, de David Levithan, vai narrar a história de seu predecessor mas agora do ponto de vista de Rhiannon. E confesso que não estava tão empolgada para passar os dias com ela (já que sou apaixonada pelo A) já que, para mim, ela parecia bastante chatinha. Não podia estar mais enganada. Entender os pensamentos, medos e dificuldades de Rhiannon fez toda a diferença, ela deixou de ser a namorada de Justin e o amor de A para ser Rhiannon!

Nossa protagonista é uma garota comum do ensino médio que tem um relacionamento familiar difícil e um namorado mais difícil ainda. Acostumada com as variações de humor de Justin - seu namorado -, Rhiannon vive um dia de cada vez - já que seu namorado não gosta de fazer planos -. E como ela mesma descreve: eles tem os dias bons e os dias ruins: os dias ruins estão cheios de brigas e mágoas (e às vezes sexo); mas às vezes, nos dias bons, Justin é capaz de faze-la esquecer tudo e agradecer por aquele dia. E é um um desses dias bons que surge A.

"Há muitas coisas que podem mantê-la em um relacionamento [...] O medo de estar sozinho. O medo de perturbar a combinação de sua vida. A decisão de se contentar com algo que está bem, porque você não sabe se você pode conseguir algo melhor. Ou talvez haja a crença irracional de que isto vai melhorar, mesmo que você saiba que ele não vai mudar."

Neste dia, sem saber que Justin é A, o casal foge da escola e passa o dia na praia, rindo, conversando, aproveitando a companhia um do outro como ela sempre desejou. Porém, o que Rhiannon vai descobrir é: no dia seguinte Justin é apenas Justin e agora ela tem outra pessoa em sua vida. Uma pessoa que faz com que ela passe a questionar todas as suas certezas. E como agora temos um acesso mais completo à problemática família da protagonista, ao seu relacionamento abusivo com Justin - e, sério, se durante Todo Dia eu não senti vontade de matar Justin a cada duas páginas, nesse eu senti - e aos seus conflitos internos tanto relacionado a ela mesma quanto a A, é possível nos sentir menos etéreos. A dificuldade de Rhiannon em ver e entender A como um ser, não como ele ou ela, mas alguém cheio de vontades e tão... A, faz o leitor se colocar no lugar dela e entender suas motivações,  suas dúvidas, seus medos em relação a condição de A e ao sentimento que está desenvolvendo para com ele/ela.

"O amor tem que ser isso: Ver o tamanho do problema que o cara é e amá-lo assim mesmo, porque você sabe que também é um problema, talvez até pior."

Rhiannon precisa colocar a prova todas as suas certezas: seus pensamentos, suas vontades, desejos e medos são expostos ao leitor cada vez que A aparece no corpo de uma pessoa diferente: às vezes um garoto, outras uma garota, alto(a), magro(a), gordo(a), baixo(a). Junto com a protagonista o leitor é capaz de refletir sobre as mesmas dificuldades, por estarmos todos sujeitos as mesmas imposições socioculturais, e desconstruir um pouco de nós mesmos.
"As palavras são uma parte do problema. O fato de existirem palavras diferentes para ele e ela, dele e dela. Eu nunca tinha pensado nisso antes, em como isso é segregatório. Talvez se houvesse um único pronome para todos nós, não ficaríamos tão presos a essa diferença."

Outro dia não é Todo dia, mas é tão emocionante quanto e assim como no anterior, David Levithan é capaz de abrir um leque de reflexões do mundo atual com apenas uma frase e emocionar os leitores com as dúvidas da personagem.

"Ele sabe que eu o amo. Sei que ele me ama. Essa nunca é a questão. A questão é sempre como vamos lidar com isso."


Personagem favorito do livro: A <3
Cena marcante: Literalmente as últimas linhas do livro =)

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